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Mulher Virtuosa: possível na modernidade?

Lorena Soares, uma ex-aluna, hoje advogada, abriu sua monografia A EVOLUÇÃO DA MULHER SOB A ÓTICA JUSTRABALHISTA, no curso de graduação em Direito da Faculdade de Direito Milton Campos, transcrevendo um trecho de Provérbios, seguido de um texto meu. Há mais de 10 anos, Lorena havia assistido a uma palestra minha na qual utilizei os dois textos.

O texto bíblico


Mulher Virtuosa: quem a achará?

"O seu valor muito excede o de finas jóias.
O coração do seu marido confia nela, e não haverá falta de ganho.
Ela lhe faz bem e não mal, todos os dias de sua vida.
Busca lã e linho e de bom grado trabalha com as mãos.
É como o navio mercante: de longe traz o seu pão.
É ainda noite, e já se levanta, e dá mantimento à sua casa
e tarefas às suas servas.
Examina uma propriedade e adquire-a; planta uma vinha com as rendas do seu trabalho.
Cinge os lombos de forças e fortalece os braços.
Ela percebe que o seu ganho é bom,
a sua lâmpada não se apaga de noite.
Estende as mãos ao fuso, mãos que pegam na roca.
Abre a mão ao aflito, e ainda estende ao necessitado.
No tocante à sua casa, não teme a neve,
pois todos andam vestidos de lã escarlate.
Faz para si cobertas, veste-se de linho e de púrpura.Seu marido é estimado entre os juízes, quando
se assenta com os anciãos da terra.
A força e a dignidade são seus vestidos. Ela faz roupas de linho fino, e vende-as, e dá cintas aos
mercadores.e, quanto ao dia de amanhã, não tem preocupações.
Fala com sabedoria, e a instrução da bondade está na sua língua.
Atende ao bom andamento da sua casa e não come o pão da preguiça.Levantam-se seus filhos e lhe
chamam ditosa; seu marido a louva, dizendo:
Muitas mulheres procedem virtuosamente, mas tu a todas sobrepujas.Enganosa é a graça, e vã, a
formosura, mas a mulher que teme ao SENHOR, essa será louvada.
Dai-lhe do fruto das suas mãos e de público a louvarão as suas obras".
Provérbios, capítulo 31.10-28


Mulher Virtuosa: possível na modernidade? por Melânia Costa
“Quando li pela primeira vez em Provérbios o texto “Mulher Virtuosa”*, nada poderia parecer tão ultrapassado. Há na palavra virtuosa um cheiro de velho, um jeito de coisa fora de moda. 
Se nas igrejas esta expressão é o oposto de modernidade, imagine fora delas. No mundo das novelas globais, no mundo do consumismo, da liberação da mulher, do sucesso feminino no mercado de trabalho, parece não caber o rótulo de “virtuosa”. 
O título "mulher virtuosa" caberia bem em mocinhas casadoiras do século XIX, mas não agora. Não depois da década de 60, quando mulheres rebelaram-se contra a condição de submissão ao homem, aos pais, aos maridos, aos filhos. 
Na primeira leitura, imagino muitas de nós arrepiando. Afinal, quem se vê buscando lã, levantando quando ainda é noite, tecendo e fiando, fazendo suas próprias roupas e as de seus filhos? Esse é o ponto. Não creio que façamos diferente hoje. Administramos a casa, economizamos, provemos o lar, cuidamos de tudo e de todos. Buscamos sabedoria, beleza, respeito. A duras penas, adoecendo e reclamando muito, na maioria das vezes. 
Releio o texto. Vejo que ele não fala de uma mulher virtuosa, mas daquela que é gratificada por todas as virtudes: ativa, previdente, bem cuidada, empreendedora, sábia, envolvente e, por isso, valorizada, amada, louvada! Não é difícil ver que o texto é absurdamente atual. Parece sondar-nos o coração, a mente, as entranhas. É tudo o que eu ou qualquer mulher moderna gostaria de ser e ter.”


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