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Saia de sua tenda!


             Ao sair para minha caminhada hoje, uma frase insistente me martelava a cabeça: "Saia de sua tenda e olhe as estrelas do céu".  Vinha seguida da reflexão: "O desconforto de sair pode significar o prazer de contemplá-las".
        De volta a casa, remexi meus guardados e encontrei o texto que conta como nasceu um pequeno livro Deus Opera na Ordem*.  Aqui um trecho do prefácio.


            "No olho do furacão. Era assim que eu me sentia, quando me diziam que eu deveria escrever e publicar algo: a boca seca, a mão suada, o estômago a doer contraído.
             Sou leitora voraz e contumaz. Passo grande parte da minha vida a espalhar o hábito de leitura. Talvez venha daí a dificuldade de me expor. Minha mãe me apertava: amor e justiça. Ela dizia que sonhava com um livro meu desde que eu era criança. Mais do que isso, ela tinha convicção de que eu escreveria. Então cobrava. De minha parte, nunca achei realmente que fosse acontecer.
     
    Chegar à síntese "Deus opera na ordem" foi resultado de uma vida inteira.
    Lembro-me bem do meu caos pessoal que antecedeu à escrita.
    Lembro-me de percorrer as ruas de São Paulo, onde morei por dez anos, profetizando em desespero sobre o vale dos ossos secos de minha vida, como na visão de Ezequiel.

   “Profetiza sobre estes ossos, e dize-lhes:
    Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor.”

    Meu vale de ossos perdurou até eu perceber algumas verdades. Que, na minha vida, era eu quem deveria ditar “o rumo da prosa”, usando uma expressão bem mineira. Que nada -nem ninguém- mudaria, se eu não mudasse.
    
    Ora, arrumar o caos é uma decisão.
    Implica arriscar-se a crescer, tornar-se autônomo, distanciar-se de quem sempre nos oferece o colo. Pagar o preço, errar e acertar, recolher os cacos e desfazer-se deles.                 
    Assim diz o Senhor Deus a estes ossos:
              Eis que farei entrar em vós o espírito, e vivereis. E olhei, e eis que vieram nervos sobre eles, e cresceu a carne, e estendeu-se a pele sobre eles por cima; mas não havia neles espírito. E profetizei como ele me deu ordem; então o espírito entrou neles, e viveram...”



Melânia Costa

* Este texto, que é parte do prefácio do meu livro. Agradeço se puder  escrever um comentário.


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